5 pontos de atenção para a reputação de pequenas e médias empresas

Riscos de imagem que podem ser crises controláveis para grandes empresas têm poder devastador para as de pequeno e médio porte. A boa notícia é que agora elas têm alternativas para ajudar a resolver a questão.

Há quem diga que ser adulto é resolver problemas. O mesmo pode ser aplicado a empreendedores e empresas – e com mais ênfase naquelas de pequeno e médio porte onde boa parte das decisões e soluções estão concentradas em poucos sócios ou no dono do negócio.

É claro que, mesmo com tanta coisa para fazer, mesmo os pequenos estão preocupados com reputação e imagem. E mais: muitas vezes essa preocupação é ainda mais aguda em empresas cujo fundador, ou dono, até por não ter um nome empresarial de peso por trás, atrela seu próprio nome – e reputação – à empresa, com necessidade ainda maior de zelo para que as coisas não se misturem.

O desafio é que, afogados num dia a dia massacrante, e por achar que não possuem tempo ou recursos para se dedicar a cuidados formais com reputação, aumenta o risco de deixar escapar alguns detalhes que vão se somando e assumindo capacidade de provocar dissabores mais à frente.

Até fica fácil entender os casos em que a crença, e o esforço, ficam voltados exclusivamente para a qualidade em si do produto ou serviço – que, por serem tão bons, falam por si, sem necessidade sequer do mínimo, como propaganda.

A questão é que boa parte destes problemas chegam a ser provocados por quesitos alheios ao controle do empresário, mas podem acarretar, em última instância, até mesmo ações judiciais. Problemas na entrega de mercadorias ou serviços, descumprimento de contratos envolvendo terceiros, reclamações indevidas (ou não) com viralização nas redes sociais estão entre situações prosaicas com poder de impactar empresas com menor poder de fogo para arcar com os custos de uma defesa, dentro ou fora de instâncias legais.

E é aí que mora o perigo. Uma empresa de pequeno e médio porte pega desprevenida em alguma situação que ganha escala inesperada terá mais dificuldade por falta do colchão de reservas a que uma grande organização recorrer para enfrentar alguma crise. Além disso, sua reputação pode ficar publicamente marcada.

Quem nunca consultou, pelo menos uma vez, a fama de alguma empresa ou produto em portais como Reclame Aqui? Pois então. Conquistar e manter a boa reputação é uma ação que surte muito mais efeitos quando adotada de forma preventiva do que de forma curativa.

Avaliar a imagem da empresa junto a seus públicos de relacionamento (stakeholders, para os mais sofisticados), desde empregados até o gerente do banco, faz parte deste processo. Ajustar a auto avaliação ao pensamento externo, avaliar processos que possam abrir brechas na qualidade pretendida e até definir valores internos pelos quais se guiar são algumas etapas necessárias.

Até que ponto um pequeno empresário sabe, exatamente, como um motoqueiro se relaciona com seu cliente no aguardado momento de recebimento de um produto? Ou qual sua relevância para que prazos prometidos por fornecedores de produtos e serviços sejam cumpridos? Ou, ainda, como fazer de sua reputação um capital que valorize sua empresa ou sua oferta frente aos olhos alheios?

As respostas para essas questões podem ser encontradas com maior ou menor facilidade pelos próprios empresários e suas equipes. O desafio é a multiplicidade de pontos de contato, ou interações, entre empresas, marcas, produtos e serviços e todos os públicos envolvidos. Em um restaurante, por exemplo, podem ser o garçom ou uma avaliação no Trip Advisor. Secretárias, ex-clientes e até o Serasa ajudam a criar (ou não) a reputação de uma indústria fornecedora de insumos. Varejistas podem perder vendas e serem alvo de críticas públicas por um meio de pagamento fora do ar.

Para preservar a empresa e afastar ameaças como essas, existem algumas ações que podem ser úteis. Neste artigo começamos com os riscos mais comuns:

  1. Colaboradores – como são tratados, qual o grau de satisfação com a empresa; como se relacionam com clientes e fornecedores; qual o índice de reclamações com relação ao atendimento e a erros no trabalho. Funcionários, que mesmo sem o conforto de um sobrenome corporativo famoso, têm orgulho de trabalhar numa empresa que lhes dá demonstrações práticas de respeito – tanto por eles mesmos quanto pela opinião positiva de clientes.
  2. Fornecedores – qual a origem das matérias-primas e produtos que sua empresa comercializa. O seu modelo de trabalho, ou a forma como negocia, o respeito a cada aspecto tratado, a lisura no relacionamento frequente e até a busca de negociações justa, sem regatear em excesso só para ganhar pontos em esperteza e uns trocados extras, seja com contratados ou terceiros, podem ser somados às garantias que eles oferecem em relação a problemas de fornecimento e origem de matérias-primas.
  3. Processos internos – os fluxos de trabalho estão mapeados e divulgados e as pessoas conhecem como proceder em cada uma das rotinas necessárias ao bom andamento do trabalho. Há alguma forma de contingência em caso de problemas durante a realização das atividades.
  4. Controles – é muito importante separar os controles financeiros, materiais e de recursos humanos da empresa e das famílias controladoras da empresa. A mistura da vida empresarial e privada causa problemas de difícil solução posterior.
  5. Especialistas – em caso de dúvidas, conte com especialistas para auxiliá-los na detecção de riscos e planejamento da reputação da empresa.

A solidão do empresário engolido pela corrida sem fim do dia a dia

Empresário engolido pelas atividades diáriasSolidão, aqui, tem outro sentido.

É a solidão do executivo, do dono de empresa, cercado de pessoas que dependem diretamente de seu desempenho para que os negócios prosperem.

Executivo ou dono de empresa engolido por um dia a dia estafante, dedicado quase sempre a atividades operacionais – reuniões, visitas a clientes, negociações com fornecedores, solução de problemas financeiros, discussão sobre administração de pessoal, almoços com pessoas chave, participação em eventos.

Sem condições de parar para pensar estrategicamente.

Muitas vezes, mais do que isso. Não se sente encorajado a discutir estratégias com seus subordinados diretos. Não que lhes falte capacitação, mas fica sempre o receio de que essas pessoas, ao serem colocadas diante do desafio de discutir estratégias, acabem trazendo opiniões viciadas ou mesmo distorcidas pelo convívio com a realidade da empresa e se sintam talvez ameaçados pela insegurança que eventuais mudanças sempre geram.

A entrada em cena de uma equipe externa faz todo sentido em casos assim.

A palavra “consultoria” sofreu o desgaste que todos conhecemos.

Agora está entrando em uso outra palavra que logo logo vai sofrer o mesmo desgaste: “mentoria”.

Mais importante do que discutir títulos, o que vale é a discussão sobre o papel desses terceiros, e que bagagem trazem consigo. Eles têm a seu favor a isenção e a liberdade com que podem expor pontos de vista sem receio de perder o emprego. Precisam, no entanto, e antes de tudo, ter humildade para familiarizar-se com a empresa e as naturais peculiaridades de seu mercado antes de começarem a mostrar sapiência.

SparringNão há duas empresas iguais, não há duas realidades idênticas.

Um cliente nosso, presidente de uma companhia de bom porte, pessoa muito bem articulada, com enorme experiência, definiu nosso trabalho de uma forma fora do comum: “sparrings”.

Ele expunha seus planos, suas dúvidas, e cobrava de nós a análise crítica de suas ideias, de sua empresa, de seus processos, planos de expansão, formas de operação.

Para ter condições de opinar com conhecimento de causa, convivíamos com a realidade da empresa, visitávamos pontos de venda, abordávamos clientes, saíamos a campo com vendedores, tínhamos até crachás de funcionários.

Numa outra empresa perceberam-se sintomas de que havia problemas no relacionamento com uns poucos, mas importantes clientes, especialmente no nível superior dessas empresas, pessoas inacessíveis para o pessoal de vendas, inacessíveis, talvez, para um consultor independente. A solução que se mostrou eficaz, foi imprimir cartões de visita para um dos consultores, dando-lhe o título de “Diretor de Planejamento”. O diálogo “de diretor para diretor” fluiu com mais facilidade e, de fato, os sintomas de problemas foram claramente detectados. Aliás, nesse caso como em muitos outros, as dificuldades tinham origem não no desempenho do produto, mas no subjetivismo das relações pessoais, uma pequena desatenção, um procedimento burocrático mal interpretado, um insignificante comentário fora de hora, às vezes, até, uma simples indelicadeza de uma telefonista.

Em resumo e para terminar: a solidão do empresário engolido pela corrida sem fim do dia a dia tem cura.

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