“Novo consumidor” : tão novo quanto era meu avô quando ia às compras

Essa história de que existe um  “novo consumidor” está muito mal contada.

Isso para mim é invenção de marqueteiro.

Só vou acreditar que sim, existe um novo consumidor, na hora em que me mostrarem um consumidor, não importa se da geração y, x, z, da geração blá blá blá, (masoquista até a tampa), que queira ser mal atendido quando entra numa loja, que adore comprar alguma coisa  em sites mal cuidados, com processo de vendas confuso, preços fora da realidade, péssima política de trocas.

Enquanto esse “novo comprador” continuar se comportando igualzinho ao que se comportava meu avô quando ia às compras, querendo ser atendido como gente, para mim ele continuará sendo apenas isso – um consumidor, sem coisa alguma de novo.

OK, o mundo é outro, as formas de comunicação não são as mesmas, os costumes não são os mesmos, as motivações do cliente são diferentes, mas na essência nada mudou.

Quando me casei (isso faz tanto tempo!), meu primeiro apartamento era na Moacir Piza, uma ruazinha de apenas um quarteirão entre as alamedas Jaú e Itu. Logo depois da mudança o sr. Flávio, “vendeiro” da esquina bateu à minha porta para

dizer que estava às ordens, que tinha preços

muito bons e que poderia fazer entregas.

Antes, bem antes, meu pai tinha uma caderneta para comprar fiado na “venda” em que comprávamos. No fim do mês, quando ele pagava a conta, ganhava uma goiabada.

O que mudou de lá para cá?

Nada!

A venda da esquina da Jaú com a Bela Cintra, se ainda existissem vendas daquele jeito, (elas foram engolidas por um outro formato de comércio, talvez o sr. Flávio até seja dono de uma bela rede de supermercados) hoje mandaria uma mensagem eletrônica qualquer, diria o endereço de seu site, talvez oferecesse um cartão-fidelidade ou me convidasse para algum evento especial para clientes especiais.

A caderneta de fiado do meu pai continua existindo, é a fatura do cartão de crédito e a goiabada assumiu a forma de milhas para compra de passagens aéreas e uma infinidade de quinquilharias.

Então é isso: na essência, o consumidor não mudou.

Mudou o mundo, mudaram os meios de comunicação.

Percebo, no entanto, em minha atividade de consultoria de marketing, que há alguns mitos sobre os recursos de comunicação que devem ser postos em seu devido lugar.

Seria no mínimo tolice contestar o poder das mídias sociais; como é tolice achar que elas custam quase nada e operam milagres.

Sobre isso, peço emprestado ao especialista em comunicação on line Achilles Milan, por sinal muito competente, alguns conceitos que ele expõe num artigo que está no blog da Percepta – Uma dica: pense muitas vezes a respeito de tantas dicas sobre mídias sociais..

Ele diz:

“Você já deve estar cansado de ter visto, lido, ou ouvido recomendações com “Os 10 passos para se dar bem nas mídias sociais”, ou as “8 dicas para seu negócio crescer nas mídias sociais”. E eles, os passos e as dicas, talvez até estejam certos, em um modo geral.

Mas talvez não sirvam para o seu negócio.

Antes de entrar na aventura de posicionar sua marca nesse território selvagem, ou mesmo se já está nele, mas está achando que está tudo meio estranho, ou tem alguma coisa errada, faça essa pergunta:

Meu negócio precisa, realmente, estar nas mídias sociais?”

Ele não tem nada contra as mídias sociais, apenas está seguro de que na sua área há muita desperdício de dinheiro até por falta de conhecimento, tanto que em seguida fala de plataformas, melhores maneiras de interagir com o consumidor, e dá uma dica: “Pense muitas vezes a respeito de tantas dicas sobre mídias sociais”.

Leia o artigo.

E se achar que o Achilles e eu estamos errados, que, sim, existe um novo consumidor, que as mídias sociais são uma espécie de elixir milagreiro, não se vexe: discorde, exponha seu ponto de vista. Não há sintoma mais evidente de burrice do que negar-se a mudar de opinião. Eu mudo. Fácil, fácil. O Achilles também.

Uma dica: Pense muitas vezes a respeito de tantas dicas sobre mídias sociais

Será que seu negócio tem mesmo que estar lá?

Você já deve estar cansado de ter visto, lido, ou ouvido recomendações com “Os 10 passos

para se dar bem nas mídias sociais”, ou as “8 dicas para seu negócio crescer nas mídias sociais”.

Redes Sociais - planejamento de comunicação

E eles, os passos e as dicas, talvez até estejam certos, em um modo geral.

 

Mas talvez não sirvam para o seu negócio.

Antes de entrar na aventura de posicionar sua marca nesse território selvagem, ou mesmo se já está nele, mas está achando que está tudo meio estranho, ou tem alguma coisa errada, faça essa pergunta:

Meu negócio precisa, realmente, estar nas mídias sociais?

A resposta a isso deve considerar alguns fatores importantes e também leva a outras perguntas complementares como, por exemplo: Meu público está realmente alí? Em qual das plataformas? Qual a melhor maneira de interagir com ele, ou melhor, será que estará disposto a interagir com a minha marca ou algum conteúdo proposto por ela?

Estas são apenas algumas das perguntas iniciais a serem considerados para que a presença da sua empresa/marca/produto nas mídias sociais possa virar um caso de sucesso.

Ou que, minimamente, seja algo mensurável positivamente na análise do uso do seu budget de comunicação e não simplesmente uma ação de comunicação que se transforme em despesa e chateação só porque você ouviu ou leu que você (sua marca no caso) tem que estar lá.

A conclusão muitas vezes pode ser que você não precisa estar.

Mas se for o contrário, não deixe de considerar alguns fatores:

Adequação aos objetivos.

Porque você está lá? É para vender ou para ser lembrado e, assim, construir a sua marca? Ou para tudo isso? Para cada um destes objetivos as estratégias de conteúdo e os KPIs a serem avaliados são completamente diferentes.

Planejamento, gerenciamento e monitoramento das mídias sociais.

Estar nas redes sociais significa que você está abrindo as portas da sua empresa para o mundo. E isso tem o lado sensacional: Você pode falar de forma segmentada e específica com seu público.

E tem o lado assustador:

Vai expor as qualidades e também os defeitos que possam eventualmente existir no seu negócio ou produto. As mídias sociais costumam ser o nervo exposto da marca. E, nesse caso, se prepare para as pedradas.Mídias são nervo exposto da marca

Todo cuidado é pouco nesse território, mas enfrentar isso é fundamental, e isso significa cuidar todo dia (em alguns casos, toda hora) dos seus canais de mídias sociais e monitorar as interações dos usuários. Além de evitar dores de cabeça com citações negativas agindo rápido, a interação positiva pode oferecer oportunidades de negócio incríveis.

Frequência e produção de conteúdo engajador.

Estar nas mídias sociais exige além de planejamento e atenção, uma produção de conteúdo relevante e engajador. Além da qualidade do conteúdo, é preciso entender qual o “timing” ideal entre postagens. Esse fator é fundamental para o sucesso no engajamento do seu público. Medir e definir a frequência das postagens ajuda a encontrar os melhores momentos de interação e resposta do target.

Metrificação

Não há prato pronto quando se trata de estratégias de comunicação digital, mais ainda quando se trata de mídias sociais. Há caminhos percorridos que servem de benchmarks e referências (para o bem e para o mal) e você deve pegar esses atalhos, mas o fato é que é muito mais vantajoso estabelecer o seu caminho analisando, medindo seus erros e acertos e construindo sua própria série histórica. Para isso, é fundamental o uso das ferramentas de gestão e monitoramento existentes no mercado para que possa acompanhar os seus parâmetros de sucesso nessa trajetória, sejam eles de engajamento, alcance ou conversão.

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Mídias Sociais: modismo passageiro ou valor definitivo?

As mídias sociais resolvem qualquer problema.

O Jaime Troiano (Troiano Consultoria de Marca) vira e mexe usa uma frase que não sei de onde veio, mas é ótima: Para quem tem martelo, tudo é prego. É a clássica história do profissional de comunicação que tem fórmulas prontas, sempre a mesma, seja lá qual for o problema.

Em tempos remotos, a fórmula consagrada pelos publicitários era comercial na Globo e página dupla em Veja.

Os tempos são outros, mas a turma do prato pronto continua dando as cartas.

Já não é mais o modelo Globo+Veja.

Tudo, agora, se resumComunicação Integrada de Marketinge na verdade definitiva de que as mídias sociais resolvem qualquer problema.

São os monoteístas das mídias sociais.

Segundo a crença, mídias sociais além de fazerem milagre, custam muito pouco.

Mentira!

As agências de propaganda tradicionais só começaram a se transformar em agências integradas, com especialistas em todas as especialidades, na hora em que perceberam as imensas fortunas que estavam saindo de seu caixa para tomar outro caminho em direção ao das agências digitais.

Vamos deixar isso claro: a propaganda baratinha nas mídias sociais não é baratinha coisa nenhuma. Assim como não resolvem, sozinhas, qualquer problema de comunicação.

Vejam os casos de recalls, que agora se transformaram em coisa comum do dia a dia, talvez para demonstrar que os controles de qualidade dos fabricantes, especialmente automóveis, estão meio tatibitate…

Cada vez que há um recall, as companhias anunciam em todos os lugares, analógicos ou digitais…

Vamos deixar isso claro: não há pessoas online (só online) ou pessoas offline (só offline): só pessoas normais, que fazem xixi como quaisquer outras, que leem blogs, postam mensagens no seu inseparável telefone, mas ouvem rádio, leem livros e jornais, veem TV.

Há casos, inquestionavelmente, em que os anúncios no Facebook, LinkedIn, YouTube, Instagram, proporcionaram resultados excelentes sem custar fortunas, mas dizer que isso é a regra geral é verdadeiro despautério.

Um competente médico conhecido meu, adepto fervoroso da medicina humanizada, sempre teve enorme dificuldade em conseguir jovens doutores que quisessem ser “médicos da família”. Depois de umas poucas campanhas feitas nas mídias sociais, hoje ele tem fila de espera de candidatos a fazer residência nessa especialidade.

Mas tomar esse exemplo como regra geral é no mínimo demonstração de falta de senso.

Vale a pena ler a matéria de capa da revista Exame (edição com data de 1/março/2017): “Polêmicos, populares e influentes” sobre as novas celebridades digitais que fazem tanto sucesso entre a molecada e que, no duro, o que fazem o tempo todo é nada mais nada menos que o velho e carcomido merchandising, matérias pagas com jeitão de depoimento.

Matérias que deveriam, e raramente o são, assinaladas como matéria paga. O texto da revista, aliás, lembra que nos Estados Unidos a Federal Trade Comission e aqui no Brasil o Conar estão adotando medidas para conter os abusos cometidos em detrimento do consumidor desavisado, sendo vítimas, muitas vezes, o desprotegido mercado infantil.

Para complementar, veja meu vídeo sobre o assunto:

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